A nova “Economia de Crise”

Como a atual crise do novo coronavírus afeta negativamente a economia e demanda dos Estados medidas emergenciais

Por Matheus Gustavo Schadlick*

Crédito: Imovelweb

Inúmeras notícias, nas últimas semanas, nos mostraram como diferentes governos estão se preparando para o impacto econômico da crise ocasionada pela pandemia da Sars-Cov-2. A título de exemplo, os Estados Unidos aprovaram no Congresso um pacote de ajuda na soma de US$ 2,2 trilhões, o maior pacote de ajuda econômica de sua história. A Alemanha também preparou um pacote de recuperação em cerca de 156 bilhões de euros, o maior desde a Segunda Guerra Mundial.

Esse tipo de intervenção pode ser compreendido a partir de teorias tais como a de John Maynard Keynes, economista inglês, que veio a se tornar um dos mais importantes economistas do pós-Segunda Guerra Mundial. O cerne de sua tese é a de que, em períodos de crise, o Estado deveria assumir um papel proeminente, gastando quantias volumosas de recursos públicos, com a finalidade de conter, ou ao menos retardar, os efeitos de uma crise econômica.

Medidas similares às de hoje foram adotadas durante a crise de 2008, com a finalidade de conter os danos. Houve socorro aos bancos, fundos de resgate a empresas, entre outros – tal como previa Keynes. Medidas de ajuda também estão sendo implementadas no Brasil, como auxílio emergencial para pessoas em situação vulnerável, no valor de R$600,00; linhas de crédito especiais oferecidas pelo BNDES; e socorro aos entes da federação, que enfrentam uma queda severa de sua arrecadação.

A União Europeia, por sua vez, trabalha em um plano de recuperação econômica para o momento pós-pandemia. Entretanto, ainda não houve consenso sobre valores, se serão fundos reembolsáveis ou não – ou seja, se os Estados-membro serão obrigados a devolver o valor emprestado. Itália e Espanha são favoráveis a fundos não reembolsáveis, pois a dívida pública interna desses países já se encontra em níveis muito elevados. No entanto, como os fundos do plano serão, muito provavelmente, fornecidos pelo Banco Central Europeu, é necessário aguardar a deliberação dotada de múltiplos interesses.

O que podemos ver é que, além do combate à doença, seus efeitos sobre o sistema de saúde e todo o impacto sobre as relações sociais, há o problema da crise econômica que se apresenta no horizonte. Serão necessárias cada vez mais medidas, em que se incluem medidas por parte dos governos – seja de maneira autônoma, ou por meio da cooperação regional e internacional – de redução dos efeitos da crise, envolvendo, muito provavelmente, elevadas inversões de dinheiro público, e fomentando a atividade econômica.

* Aluno do quarto ano noturno do curso de Relações Internacionais na Universidade Positivo (2020).

Referências

Alemanha aprova maior pacote de ajuda econômica desde a 2ª Guerra Mundial. UOL, São Paulo, 23 de março de 2020. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/efe/2020/03/23/alemanha-aprova-maior-pacote-de-ajuda-economica-desde-a-2-guerra-mundial.htm?cmpid=copiaecola

Câmara dos EUA aprova pacote de US$ 2,2 trilhões contra coronavírus. Exame, São Paulo, 17 de março de 2020. Disponível em: https://exame.abril.com.br/economia/camara-dos-eua-aprova-pacote-de-us-22-trilhoes-contra-coronavirus/

UE prepara plano de recuperação econômica. Estado de Minas, Minas Gerais, 23 de abril de 2020. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/04/23/interna_internacional,1141288/ue-prepara-plano-de-recuperacao-economica.shtml

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